sexta-feira, maio 28, 2010

Os 23 da Copa (V) - Gilberto Silva: ainda uma muralha?

As categorias de base do tradicional América Mineiro têm rendido bons frutos nos últimos anos, entre eles a conquista da Copa São Paulo de Juniores em 1996. Entre os jogadores revelados pelo Coelho neste período, o principal é sem dúvida Gilberto Silva.

O volante logo conquistou um lugar entre os profissionais do clube, sendo um dos principais destaques na conquista da Série B em 1997. O América teve passagem fugaz pela elite, sendo rebaixado já no ano seguinte, mas Gilberto mostrou qualidades e logo passou a ser objeto de desejo dos arquirrivais Atlético e Cruzeiro.

Após uma longa "novela", que envolveu até briga judicial, o Galo ganhou a disputa e contratou a jovem promessa em janeiro de 2000. Gilberto logo mostrou que era uma realidade, graças a um futebol simples e eficiente, de boa técnica e precisão nos passes, garantindo a proteção à defesa sem maiores estardalhaços. Chegou até a ser improvisado na zaga, mas seu lugar era mesmo a cabeça-de-área.

Depois da grande participação no Brasileiro de 2001, sendo escalado para quase todas as seleções de melhores do campeonato e levando o Atlético às semifinais, sua convocação para a Seleção Brasileira passou a ser exigida por toda a opinião pública mineira. Sua estréia ocorreu na vitória sobre o Chile (2 x 0), em Curitiba, pelas Eliminatórias da Copa da Coréia e Japão, entrando no segundo tempo.

Ganhou um lugar entre os 23 jogadores do técnico Luiz Felipe Scolari após ótimas atuações nos amistosos preparatórios. Mas o que estava bom ia ficar ainda melhor. A triste contusão do titular e capitão Emerson, na véspera da estréia contra a Turquia, deu a Gilberto a chance de ouro de sua carreira. E ele não decepcionou: atuou todas as sete partidas, sem jamais ser substituído, e foi talvez o jogador mais regular da Seleção em toda a Copa.

Durante a vitoriosa campanha do pentacampeonato, o técnico francês Arsène Wenger mostrou-se muito impressionado com o futebol discreto porém eficiente do volante brasileiro. O treinador do Arsenal deu-lhe um apelido bastante apropriado: Invisible Wall ("Parede Invisível") e não sossegou até finalmente levar o jogador para a tradicional equipe londrina, por 9 milhões de dólares, tão logo terminou o Mundial.

No duro futebol inglês, Gilberto logo conquistou a torcida com sua categoria na marcação, recebendo pouquíssimos cartões amarelos e eventualmente fazendo belos gols na frente. Foi peça importante na grande equipe que foi campeã da Premier League de 2003/04 e acumulou longa invencibilidade.

Depois disso, alguns percalços. Gilberto sofreu algumas contusões que lhe custaram a posição de titular na Seleção, perdida para o antigo titular Emerson. Em 2006, na fracassada campanha da equipe de Parreira na Alemanha, praticamente revezaram-se na disputa pela cabeça de área. De certa forma, o mineiro terminou vencedor, atuando na eliminação diante da França e sendo mantido no grupo com a chegada de Dunga.

Após perder a posição no Arsenal, acabou negociado com o Panathinaikos, da Grécia, em 2008. Mas seu lugar na Seleção segue intocável, apesar das críticas de boa parte de imprensa e torcida, que lhe apontam uma certa decadência técnica e lentidão no combate, embora não tenha até hoje chegado efetivamente a comprometer com a camisa amarela.

Superar a desconfiança dos críticos e corresponder em seu terceiro (e provavelmente último) Mundial é o desafio de Gilberto Silva, mostrando que, apesar de já longe do auge, pode ainda assim ser uma útil, embora silenciosa, peça no tabuleiro do técnico Dunga.


Gilberto Aparecido da Silva
volante
Lagoa da Prata (MG), 07.10.1976
1,84 m
74 kg
Clubes: América-MG (1996 a 1999), Atlético-MG (2000 a 2002), Arsenal-ING (2002 a 2008) e Panathinaikos-GRE (desde 2008).
Títulos: brasileiro da Série B (1997) pelo América-MG; mineiro (2000) pelo Atlético; inglês (2004) e da Copa da Inglaterra (2003 e 2005) pelo Arsenal; grego (2010) e da Copa da Grécia (2010) pelo Panathinaikos; mundial (2002), da Copa América (2007) e da Copa das Confederações (2005 e 2009) pela Seleção Brasileira.
Jogos pela Seleção: 91 (4 gols)
Participação em Copas:
2002 (campeão) - 7 jogos, nenhum gol
2006 (5º lugar) - 4 jogos, nenhum gol

Foto: Getty Images

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