23 de abril de 2011. Em pleno estádio Durival Britto e Silva, a
histórica Vila Capanema que até sediou partidas de Copa do Mundo no
longínquo 1950, o Paraná Clube empata com o modesto Arapongas por 2 x 2 e
é rebaixado para a Série Prata, nada menos que a segunda divisão do
Campeonato Paranaense. Destino inacreditável e inconcebível para quem
praticamente monopolizou o futebol local ao longo da década de 90, e
mesmo na década passada teve seus momentos de brilho, culminando com uma
honrosa participação na Libertadores em 2007.
03 de julho de 2012. No mesmo palco onde viveu quinze meses antes o
maior vexame de sua história, o Tricolor goleia o Grêmio Maringá por 4 x
1, conquista a Série Prata com três rodadas de antecedência e
sacramenta o retorno à elite Estadual. A campanha do acesso, até a
partida do título, é irrepreensível: 15 partidas, 14 vitórias e apenas
um empate, com 95,55% de aproveitamento (e na última sexta-feira, nova
vitória, 2 x 1 sobre o Foz do Iguaçu, veio a ampliar ainda mais tais
números).
Nada mais que a obrigação? É certo que o Paraná era praticamente um
“corpo estranho” dentro de uma competição tão fraca tecnicamente, e a
disparidade absurda em relação aos demais times tornavam imperativo seu
acesso. A postura da maior torcida organizada do clube, que abandonou o
estádio logo no início do segundo tempo da partida contra o Grêmio
Maringá em sinal de protesto contra a diretoria anterior, reforça ainda
mais esta ideia.
Não dá para tirar toda a razão dos torcedores: cair em uma competição
estadual tão fraca quanto o Paranaense é algo que jamais poderia se
permitir a uma equipe tão tradicional. Mas o protesto não deixou, por
outro lado, de ser uma certa indelicadeza com os atuais elenco e
comissão técnica, quase totalmente mudados em relação a 2011, e que tão
bem vêm cumprindo seu trabalho.
Agora, o olhar é voltado para o futuro. Após um início titubeante, o
Paraná vem experimentando um nítido crescimento na Série B, graças
principalmente ao reforço dos recém-chegados Anderson, Zé Luís, Ricardo
Conceição e Lúcio Flávio, “veteranos” que vieram para dar mais “cancha” a
um elenco repleto de jovens. Aparentemente, com mais dois ou três
reforços pontuais, a equipe estará pronta para brigar por mais este
acesso.
Mas, mais que o sonhado retorno à Série A, o mais importante neste
momento parece ser mesmo “arrumar a casa”. E o Tricolor, com nova
direção, um técnico jovem e mais que identificado com o clube, e o
potencial de uma torcida apaixonada e de uma base que ainda consegue
revelar bons nomes (mesmo nos últimos e difíceis anos, saíram de lá
vários reforços para grandes equipes, como Everton, Brinner, Rodrigo
Pimpão, Kelvin e, claro, Giuliano, peça fundamental na conquista da
Libertadores pelo Inter em 2010 e atualmente no futebol ucraniano),
parece ser mais que capaz de retomar seus melhores dias. O canto
provocativo “o Paraná vai acabar”, tão entoado nos últimos tempos por
atleticanos e coxas-brancas, começa a fazer cada vez menos sentido.
Foto: Globo Esporte
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